A proposta da Reforma Tributária, em andamento no Congresso Nacional, traz importantes alterações no sistema de cobrança de impostos no Brasil. Porém, ao invés de otimismo, há fatores de preocupação na avaliação da Federação Varejista do Rio Grande do Sul.
A análise, a partir de
dados apurados junto a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL),
mostra um sentimento predominante de incertezas e falta de clareza presentes na
minuta do relator da reforma, o deputado Agnaldo Ribeiro (PP-PB).
De acordo com o
presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Ivonei Pioner, a
Reforma Tributária é uma necessidade urgente para o Brasil, mas é preciso
cautela para evitar a criação de um sistema ainda mais oneroso.
“O sistema tributário
vigente representa um entrave ao crescimento e à competitividade das empresas,
tornando imprescindível a busca por um modelo simplificado, transparente e
equitativo, capaz de aliviar a carga tributária e dissipar a insegurança
jurídica. Uma reforma bem-sucedida poderia estimular o empreendedorismo, atrair
investimentos e fomentar a criação de empregos. No entanto, é de extrema
importância que esse processo seja conduzido de maneira responsável, por meio
de um amplo diálogo entre governo, setor empresarial e sociedade civil,
garantindo a participação de todos os envolvidos na construção de um sistema
tributário que atenda adequadamente às necessidades do país”, afirmou.
De acordo com a
diretora de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) da Federação
Varejista do RS, Clarice Strassburger, os grandes temas tributários, como
alíquotas, condicionamento de crédito, fiscalização e prazos, carecem de uma
lei complementar que ofereça diretrizes claras.
“A falta de
aprofundamento e debate com as partes envolvidas é uma preocupação, uma vez que
a falta de clareza em relação à tributação gera incertezas e impõe desafios
adicionais aos empreendedores e ao setor varejista como um todo”, disse.
Uma das mudanças mais
importantes é a cobrança do Imposto sobre o Valor Adicionado (IVA) “por fora”,
ou seja, a alíquota informada será equivalente ao valor cobrado do
contribuinte, eliminando impostos “escondidos”. Além disso, o regime de
creditamento será condicionado ao efetivo recolhimento do imposto incidente
sobre a operação, e haverá a criação de regimes fiscais específicos para
combustíveis, serviços financeiros, operações com bens imóveis, planos de saúde
e concursos de prognósticos.
Outro ponto importante
da reforma é a devolução de imposto por meio do cashback, porém, não há
detalhamentos sobre essa medida. Quanto aos benefícios fiscais, a proposta
garante a convalidação do ICMS até 2032, com a criação de um Fundo de
Compensação para mitigar as perdas nesse período. A transição para o novo
sistema de tributação ocorrerá em um período de 8 anos para os contribuintes e
50 anos para os entes federados, sendo gradual a entrada do novo Imposto sobre
Bens e Serviços (IBS) e a extinção proporcional do ICMS e do ISS.
Uma novidade trazida
pela reforma é a criação do Conselho Federativo do Imposto sobre Bens e
Serviços, com gestão compartilhada entre estados, Distrito Federal e
municípios, com autonomia técnica e administrativa. A proposta ainda gera
dúvidas quanto aos benefícios fiscais constitucionais aplicados ao IVA e prevê
a desoneração da folha de pagamento, com aumento da arrecadação destinado à
redução da tributação sobre a folha e o consumo de bens e serviços.
A proposta será analisada pelo Congresso Nacional nos próximos meses.